Freguesia jovem, tem na floresta a sua principal riqueza. Situada junto às ribeiras de Muge e do Chouto, a localidade embora seja de instituição muito recente, foi criada a partir do Decreto-Lei 106/85, datado de 4 de Outubro. É no entanto de povoamento antigo, pois esteve até aquela data, anexa à freguesia de Vale de Cavalos , de modo que, a sua história lhe esteve sempre associada, tendo contudo pertencido, durante cerca de sete anos, ao concelho de Alpiarça. As suas gentes são simples mas empreendedoras, sendo um exemplo sem igual no concelho da Chamusca. Às expensas do povo foi construída a Igreja de Nossa Senhora de Fátima e o posto médico, é uma das povoações mais dinâmicas, onde o desemprego é inexistente e onde se gera uma boa fatia da riqueza do concelho.
Oferece óptimas condições para o repouso e prática de actividades em plena Natureza, com destaque para a caça. No povoado pode-se praticar desporto ao ar livre (BTT), participar em jornadas de caça e pesca, fazer passeios todo terreno. A Gastronomia é muito rica, tendo recebido influências do Alto Alentejo e da Beira Baixa de onde vinham os "barrões" sazonalmente para os trabalhos do campo.
Além desta a freguesia da Parreira é composta pelos lugares de Salvador e Murta. É uma das mais prósperas freguesias do concelho, de raíz essencialmente agrícola, tem na cortiça, pinhal, eucalipto, milho, vinho, truta e na criação do gado ovino, caprino e suíno, a sua maior riqueza.
Apesar de a industrialização da freguesia dar ainda os primeiros passos, dispõe já de uma serração de madeira, pequenas fábricas de móveis, oficinas mecânicas de reparação de máquinas agrícolas, tractores e outros veículos. O sector terciário tem algum peso na vida económica da freguesia. Inaugurada em 1970, a Igreja Paroquial tem um enorme significado para a sua população, pois foi com o seu esforço que esta igreja foi edificada.
Resenha Histórica
A Freguesia de Parreira teve origem, tanto como é do nosso conhecimento, em dois Casais: um denominado de Casal da Parreira o outro Casal do Salvador. Em outros tempos vieram de vários lugares pessoas para trabalhar no campo (corte de mato, arroteias de milho e outros cereais, para as tiradas de cortiça, etc) entre os quais das Zonas de Montargil e Ponte de Sôr principalmente, que se foram fixando nestes casais, iniciando-se assim a aldeia de Parreira, onde em outros tempos não muito atrasados existia a praça, lugar esse onde se contratava o pessoal para o trabalho e onde também se realizava o bailarico, única distracção a não ser a feira da Ponte (em Ponte de Sor) ou a feira de São Martinho (Golegã) existente neste lugar.
Embora de povoamento muito antigo, a Parreira tem uma existência recente. Foi apenas a 4 de Outubro de 1985 que o Decreto-Lei 106/85 criou a freguesia de Parreira, até então anexa à de Vale de Cavalos, a que a sua história esteve sempre associada, tendo pertencido cerca de sete anos ao concelho de Alpiarça.
A lenda da Parreira
Há muitos anos, andava um caminheiro de terra em terra, pobre como ninguém, muito roto e sem nada para comer. De bom coração, era um homem muito estimado por todos o que o conheciam. Um dia, passou junto a um velhinho que estava sentado à beira da estrada, sem forças sequer para andar. Abeirou-se do pobre homem e deu-lhe a única coisa que tinha para comer, que era um cacho de uvas.
Depois de comer, o velhinho atirou os caroços ao chão e agradeceu ao bom caminheiro que ficara sem nada para comer. No ano seguinte, quando o caminheiro voltou a passar por aquele local, todo o caminho estava coberto por parreiras que mataram a fome do bom caminheiro.
Muito pouco se sabe da História do Chouto, como acontece em Portugal com a generalidade das povoações pequenas e interiores.
Desconhece-se a data da sua fundação e a proveniência dos seus primeiros habitantes, do mesmo modo que se ignora a origem do seu nome. “Chouto” significa “trote miúdo e sacudido” o facto de toda a zona envolvente da povoação ser terra onde se cria gado pode ter alguma coisa a ver com o nome que se lhe deu; “ Chouto” era também um antigo imposto agrário, muito divulgado na Índia, que correspondia ao quarto das terras agricultadas, é admissível que tenha sido essa a origem do nome da povoação se alguma vez foi confiada “a Chouto” a alguém.
O que se sabe ao certo é que o Chouto foi pertença dos Condes da Castanheira, mas desconhece-se a época em que foi doado a essa Casa Aristocrática. O 1º. Conde da Castanheira foi D. António de Ataíde, que nasceu por volta de 1500 e morreu em 1563. Foi figura muito influente da Corte de D. João III que, para além de lhe conceder o título de Conde da Castanheira, o nomeou para diversos cargos, como Conselheiro de Estado, Vedor da Real Fazenda, Alcaide-Mor de Colares, Embaixador em França, em Castela, na Alemanha entre outros.
D. António de Ataíde foi ainda comendador da Ordem de Cristo. Como se sabe, toda esta vasta região onde o Chouto se insere esteve durante séculos sob a administração ou pelo menos a influência da Ordem de Cristo. É, portanto, de admitir que o Chouto tenha sido cedido ao comendador da Ordem a qualquer título e, nesse caso, remontaria ao século XVI a sua integração no Património dos Condes da Castanheira.
Posteriormente, o Chouto passou para a Casa do Infantado. A “Sereníssima Casa do Infantado” foi criada por D. João IV em 1654 com o objectivo de assegurar uma base patrimonial aos filhos segundos dos Reis, do mesmo modo que a Casa das Rainhas assegurava os rendimentos às esposas dos monarcas. Enquanto a Chamusca e Ulme foram incorporadas no património da Casa das Rainhas, ao Chouto coube a integração na Casa do Infante.
É praticamente seguro que a integração do Chouto na casa do Infante se deu em 1705, no reinado de D. Pedro II, uma vez que foi nesse ano que a Castanheira, Povos e Cheleiros (as propriedades mais significativas dos Condes da Castanheira ) foram objecto de igual integração. Na origem da mudança de Senhor deve ter estado o processo de progressiva centralização do poder então em curso que atingiu algumas das mais poderosas Casas Senhoriais do Reino.
Data dessa época, concretamente de 1712, a primeira contagem da população da Freguesia de que há notícia. Foram contados nessa ocasião 86 fogos, o que deveria corresponder a pouco mais de 300 Habitantes.
Um dos documentos mais interessantes da História do Chouto, depositado no Arquivo Nacional da Torre do Tombo, do qual se encontram também algumas fotografias , é a resposta do cura da Freguesia, Padre Manuel da Costa Temudo, ao inquérito nacional a que mandou proceder o Marquês de Pombal na sequência do terramoto de 1755. Redigido de uma forma que não abona muito a favor da cultura literária do cura, o documento é todavia um retrato precioso do Chouto de meados do século XVIII – não muito diferente porventura do que terá sido um século antes ou um século depois.
Por ele ficamos a saber que a Freguesia tinha então 90 fogos com 330 habitantes, sensivelmente o mesmo que meio séculos antes. O lugar do Chouto, esse não contava mais de 12 vizinhos, ou seja, talvez menos de 50 pessoas ao todo.
É muito interessante a descrição que nesse documento se faz da Igreja de Nossa Senhora da Conceição, templo modesto, de uma nave só, mas sem dúvida a mais imponente construção de toda a Freguesia. O curo nada mais encontrou digno de memória para incluir na resposta ao inquérito do Marquês. Do mesmo modo que não vislumbrou um nome que fosse, de entre os filhos da terra, que por qualquer razão merecesse destaque aos olhos da época; “Nam há memoria de que floreçeçem ne (la) homens de Agraduaçam nem porvirtudes (em?) Letras nem Armas”. O Chouto era, como sempre fora e continuaria a ser, uma terra pacata e discreta, vivendo de uma agricultura rudimentar e da criação de gado.
Muito provavelmente ligada à comercialização do gado (sobretudo ovelhas, cabras e porcos) surgiu muito cedo uma feira anual, “em dia de Sam Pedro”. Esta feira, que nos nossos dias ainda é o acontecimento mais importante da Freguesia, tem, portanto, pelo menos uns 250 anos de tradição. Parece que em tempos se realizava também uma outra feira anual no dia 1 de Maio. Há referências à sua efectivação por volta de 1930. Mas, fosse qual fosse a sua dimensão, esta feira nunca atingiu a projecção e a importância económica da Feira de S. Pedro.
Na sequência da revolução liberal de 1820, a Casa do Infantado foi extinta e os seus bens nacionalizados e vendidos à burguesia ascendente a preços de favor. Foi por esta forma que as terras da Freguesia do Chouto foram adquiridas por umas quantas famílias de grandes proprietários rurais que detiveram a sua posse até bem recentemente.
Na 2ª. metade do século XIX a população da Freguesia aumentou consideravelmente. Esse crescimento demográfico inseriu-se num fenómeno idêntico verificado a nível nacional e europeu, mas teve certamente também muito a ver com o arroteamento de terras da charneca e com a correspondente atracção de colonos às novas áreas desbravadas. Assim, dos 86 fogos de 1712 passara-se para 136 em 1869 e 183 em 1890. Em termos de habitantes, a Freguesia mais do que duplicou a sua população em pouco mais de um século, dos 330 indivíduos que o curo Temudo contou em 1758, passou-se para 525 em 1862 e 774 em 1890. Nos princípios do século XX, com ligeiras oscilações, a população continuou a aumentar, tendo atingido os 1207 habitantes, em 318 fogos, no censo de 1930. Estes números evidenciam as condições que a Freguesia tem revelado para a fixação humana, apesar de todos os problemas relacionados com a relativa pobreza de certos terrenos envolventes e as dificuldades de acesso.
Do ponto de vista administrativo, a Freguesia de Nossa Senhora da Conceição do Chouto pertenceu inicialmente ao termo (isto é, ao concelho) de Santarém e, por volta de 1818, transitou para o de Ulme. Com a extinção do concelho de Ulme, em 1855, o Chouto passou então para o concelho de Chamusca.
A Republica mudou o nome à Freguesia, que passou a designar-se simplesmente “do Chouto”. De facto, a primeira vez que surge documentada a actual designação é em 23 de Outubro de 1910, escassos 18 dias depois da revolução republicana, quando se reuniram os membros da comissão paroquial para tomarem posse e se declararem “fieis às leis do Governo Provisório da Republica Portuguesa”.
Parece que a Republica abriu à população do Chouto algumas perspectivas de progresso material, em 1913, através de uma proposta enviada ao ministro do Interior e primorosamente redigida, a Junta de Paróquia solicitou a concessão de uma verba de 300 escudos para reparação de uma casa destinada a edifício escolar – o que constituía um “grande melhoramento para esta pobríssima e ignorada terra”. A proposta foi bem acolhida e, em Fevereiro de 1918, a braços com tremendos problemas económicos causados pela Grande Guerra, a professora oficial da escola mista do Chouto escrevia à Junta “pedindo livros de leitura, papel, tinta e penas para os alunos pobres da sua escola, porque sem eles esses alunos abandonarão a aula por lhes ser absolutamente impossível comprar esses artigos que, em virtude do actual estado de coisas subiram a um preço excessivo para as suas posses, o que será mais um meio para o crescimento do analfabetismo desta Freguesia”. É de supor que as crianças continuaram a ir à escola, visto que apenas três meses depois a Câmara de Chamusca aprovou a canalização de 3% do produto das contribuições directas para a Instrução.
Em 1920 a Câmara de Chamusca endereçou ao Presidente da Junta de Freguesia do Chouto um ofício que é uma preciosidade documental: por um lado porque deve ter sido o primeiro texto dactilografado que chegou ao Chouto e porque ostenta o selo branco da Câmara Municipal com as armas da República; por outro lado, porque nele se solicita à Junta uma relação das “obras de mais utilidade para esta Freguesia, com a suficiente indicação das mesmas e seu custo provável”. Em resposta, a Junta de Freguesia do Chouto pouco pediu: uma visita médica semanal ao Sábado e a construção de uma casa, ainda que pequena, para as consultas médicas e para local das sessões da Junta, tudo orçado em 1200 escudos; e ainda o calcetamento “da única rua deste lugar” que deveria importar em cerca de 1500 escudos. Não era muito o que pedia, mas parece que o Chouto teve de esperar largos anos até ver realizadas estas e outras aspirações.
Quando, em 1925, a Câmara Municipal votou por unanimidade o contrato de levantamento de um empréstimo de 170 contos para a montagem da luz eléctrica na vila da Chamusca, a Junta de Freguesia do Chouto protestou vigorosamente contra tal resolução “em face do mal económico que isso vem trazer ao Município, sem vantagem alguma para o concelho, sendo considerado como uma coisa de luxo que só os habitantes da sede aproveitam, sendo tantas e tão grandes as necessidades de melhoramentos em todas as Freguesias”. Em face do exposto, a Junta reprovou “por completo” tal aprovação e resolveu “fazer sentir que até hoje ainda a Câmara não cumpriu o que prometeu fazer na sede desta Freguesia”.
Atitudes como esta, de preterir os interesses das populações das diversas Freguesias em favor dos melhoramentos na sede do Concelho, continuaram, infelizmente, por longos anos ainda. Só de há bem pouco tempo a esta parte, nomeadamente nas duas últimas décadas, é que se tem procurado corrigir este tipo de actuação, na certeza de que o progresso da Freguesia passa inevitavelmente pelo desenvolvimento harmonioso, de todas as suas partes constituintes
Foi constituída em 2013 imposta pela Lei n.º 11-A/2013 de 28 de janeiro (Reorganização administrativa do território das freguesias).
No âmbito da reforma administrativa nacional, pela agregação das antigas freguesias de Parreira e Chouto, esta recente Freguesia do concelho de Chamusca é a maior do seu concelho, tem cerca de 338,42 km² de área e 1 492 habitantes (2011), o que corresponde a uma densidade populacional de 4,4 hab/km². Devido ao seu enorme território, representa quase metade do concelho da Chamusca.
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